Estamos em Nárnia?

Sara Sharon
3 min readOct 25, 2020

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Estamos vivendo em Nárnia? Estamos em um universo paralelo?

Recentemente comprei um livro em que só ouvi críticas positivas e fiquei na ansiedade pra ler. O livro é pequeno, só possui dois capítulos, mas mal cheguei na metade do primeiro e já fiquei reflexiva.

“Os evangélicos tem sido criticados, com razão, por estarem sempre tão interessados em ver almas sendo salvas e indo para o céu que não se importam com as pessoas de maneira integral.”
Arte e Bíblia, Francis A. Schaeffer

A frase foi empregada com um objetivo, mas me fez refletir de forma diferente da proposta no livro, e me fez questionar, será que nós evangélicos, estamos vivendo em Nárnia?

Somos chamados pra esse tempo, pra sermos igrejas relevantes na sociedade, tratar os doentes e feridos, ser bálsamo e remédio para os doentes, refrigério para os aflitos, fôlego para os cansados, refúgio para os que procuram casa… Mas, estamos realmente sendo relevantes?

Um médico, antes de tratar um doente, precisa identificar a doença que ele possui, e pra que isso aconteça, ele precisa ter um conhecimento prévio dela, estudo e empenho pra saber como lidar a fim de manter a saúde do paciente. Mas, como seremos médicos nesse tempo, se não conseguimos aceitar ou enxergar a existência da doença, quanto mais identificá-la e tratá-la?

A igreja primitiva tratou a doença e os problemas de sua época, mas a igreja atual não sabe lidar com as mazelas desse tempo. Não estamos preparados pra tratar as “doenças” do século 21. Enfrentamos hoje o racismo, antissemitismo, homofobia, violência doméstica, abuso sexual, pornografia entre os jovens, lidamos com a homossexualidade, o etnocentrismo dentro das igrejas…

A palavra nos manda chorar com os que choram (Romanos 12:15), mas, as dores dos que choram estão sendo ignoradas pela igreja. Como trataremos os doentes, como choraremos com os que choram, se não sabemos lidar com eles?

Há cristãos que acreditam que depressão é falta de Deus, que homossexualidade é falta de surra, que racismo é vitimismo, que psicólogo é coisa de maluco, que o consumo de pornografia só existe entre os homens, que a mulher deve se sujeitar ao espancamento em prol do casamento, há ainda a existência do abuso espiritual por parte dos lideres religiosos e muitos outros problemas.

A igreja brasileira hoje vive como se estivesse em um universo paralelo, em que nenhum desses problemas existem, ou simplesmente não são se quer importantes o suficiente pra ser levado a sério.

Se um médico recebe um paciente e não tiver preparo pra identificar e tratar a doença, o paciente corre o risco de morte, e a negligência do médico pode custar uma vida. Da mesma forma vive a igreja atual, que não se empenha em se preparar pra receber esses doentes, e por negligência, pode levar alguns a morte espiritual.

Qual é o papel da igreja nisso tudo? O que faremos a partir disso? Se Deus nos chamou pra sermos igreja relevante, não podemos fechar os olhos pros problemas desse mundo.

Sejamos hoje, a igreja que Deus nos chamou pra ser, a igreja que é remédio e refúgio para os doentes e desabrigados do século 21, que procuremos hoje, aprender a tratar a doença, pra não sermos negligentes com uma vida.

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Sara Sharon

tô aqui pra falar abobrinha, mas as vezes algo sério também.